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Foto do escritorVelci Ferreira da Silva

Trilhos da vida

Aqueles olhos verdes da cor do mar

Na vida foi guerreira, aqueles olhos verdes

Não refletiram as ondas, nunca avistaram o mar

Só contemplaram a terra flora.

Só souberam amar!

Ela nasceu numa casinha simples.

Sentindo o cheiro de mato e flores,

Mesclado ao suor dos ferroviários.

Ouvindo o atrito das rodas nos trilhos,

Que abafava o canto dos pardais e canários.

Na beira da estrada de ferro

Era a menina mais bonita vestida de chita

E contemplava as pessoas, no vaivém do trem,

Assistia vidas se cruzarem como raio, em idas e vindas,

Ouvia os causos narrados por algum zé ninguém

Tudo ali girava em torno dos trilhos do trem

As prosas do mulherio do amanhecer ao ocaso

e as travessuras da molecada contrastando com a lida,

Fogão a lenha aquecia o coração nas noites frias.

E, ela sonhava acordada com outra vida.

Longe dos ruídos das rodas rangendo nos trilhos.

Seus olhos eram lumes verdes, no rosto angelical

Ela desabrochou, bela e formosa, na mocidade

Aspirou novos sonhos e uma história de amor

À luz do dia zelava da casa e à noite de sua vaidade.

Nos trilhos da vida teve ilusões e desamores,

Pariu a filha do ventre e criou suas descendentes

Trocou suas perdas e dores por amor e apego,

Encarcerou seus sonhos num muro de concreto

E fez de seu lar, reduto seguro e aconchego.

Foi guerreira e lutou por duas gerações

Aqueles olhos verdes da cor do mar

Fundiram-se no azul celeste, não vão mais brilhar

Aqueles olhos verdes só souberam amar,

Até a luz se apagar!




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