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Foto do escritorVelci Ferreira da Silva

Olga na janela

A primeira vez que vi Olga debruçada na janela fiquei enternecida, fui tomada de uma emoção intensa e indescritível.

Tenho a mania de olhar pela janela toda manhã, acho que é a primeira coisa que faço, olho para o céu e o infinito. E, depois para todas as coisas mais próximas, lambendo com os olhos os edifícios estáticos, as avenidas movimentadas e a cidade acordando. Depois faço o café e começo a lida.

Aquela manhã foi diferente, porque enquanto meus olhos vinham se deliciando com a paisagem, vi um vulto debruçado em uma das muitas janelas da cidade grande. Nem tão perto a ponto de vê-la nitidamente, nem tão longe que não conseguisse distingui-la.

Debruçada no peitoral na janela, com a cabeça indo e vindo lentamente, observando os transeuntes ou o que quer que fosse lá estava ela. Não consegui tirar os olhos dela. Tentando adivinhar o que ela esperava na janela, quais seus sonhos e desejos, quem afinal era aquela figura e o que havia por detrás daquela imagem, que me instigava.

Olga, vocês podem pensar pelo seu nome, que era alguém maduro ou uma alma antiga, como em princípio foi o que pensei; mas enganam-se as aparências, pois Olga é jovial, clara, olhos atrevidos e atitudes impulsivas. Aconteceu de maneira instantânea e fatal, eu me apaixonei por ela.

Minha vida agora se transformara em acordar mais cedo para observar se Olga apareceria na janela, nada era mais importante do que isto, eu estava condenada a esperá-la e, ora acontecia ora não.

Em algumas manhãs lá estava ela na janela, formosa, atrevida, instigante, devorando com os olhos tudo que acontecia naquela rua, como se quisesse engolir a vida, num só instante. Noutros dias, ela não aparecia, e eu ficava a imaginar, o que ela estaria fazendo.

Passaram-se uns dias, eu não a tinha visto mais, quando em uma das minhas caminhadas, observei um vulto passeando na praça e neste momento tive um insight que era ela. Meu coração disparou por Olga, quiçá minha alma a reconheceu e não tive dúvidas.

Fui a sua direção, afinal, não se perde uma oportunidade desta, me aproximei, me dirigi a ela e foi um lindo encontro. Sei que foi recíproca a afeição e a magia. Breves momentos de alegria e troca de carinhos.

Mas como nem tudo na vida é para sempre, descobri que Olga já tinha dono e era feliz!

Ainda não consegui perder a mania de olhar pela janela todas as manhãs, na esperança de vê-la e em alguns dias, que sorte!

Logo que amanhece o dia, lá está ela, matreira, jovial, cuidando da vida alheia e eu morro de amor por ela, Olga, a Da. Fifi da janela.




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